segunda-feira, 4 de julho de 2011

Religião e Sociedade - A visão da Igreja Católica sobre o uso de drogas.

Por: Pe. Gilberto Orácio de Aguiar


Quando falamos sobre o uso de drogas, uso de piercings, tatuagens e outros adereços usados no corpo das pessoas é sempre importante ter presente qual a idéia da Palavra de Deus e do ensinamento da Igreja sobre a pessoa humana. E outros aspectos relevantes deverão ser considerados, ao menos dois essenciais:
a). O ser humano é imagem e semelhança de Deus: ao ser criado imagem e semelhança de Deus(Cf. Gn. 1, 27; 2, 7), o ser humano é colocado no centro e no vértice da criação. Por trás dessa afirmação vislumbra-se a realidade de que a pessoa humana não é uma coisa, mas alguém. Não pode ser visto como objeto de usado pelos interesses do acaso e descartado logo que não for mais necessário. O ser humano é importante por aquilo que ele é, pessoa humana! E nisso está sua essência.
b). O corpo humano é templo, morada do Espírito Santo: O Segundo Testamento, no diz que somos morada do espírito santo (ICor 3, 16-17). Somos templo, onde Deus habita por isso, nosso corpo deve ser respeitado e valorizado por aquilo que ele carrega. É verdade que somos barro e que voltaremos para o barro, mas o que carregamos em nosso corpo nos dá orgulho, dignidade e por causa disso, respeito. Todo ser humano carrega em si a dignidade de ser respeitado. Daí a luta da Igreja contra o tráfico de pessoas, a luta para que os Direitos Humanos sejam respeitados, a valorização da vida desde sua concepção, a luta contra o uso das drogas e outros aspectos.
No que diz respeito ao uso de drogas e qual o posicionamento da Igreja Católica deveremos, nós no Brasil, recorrermos ao riquíssimo texto base da Campanha da Fraternidade de 2001: “Vida Sim, droga, não!” (Disponível em:
http://salvemaria.sites.uol.com.br/cf2001.htm). Aqui é bom lê-lo com atenção, sobretudo na parte que nos conclama a uma pastoral da sobriedade. Por sobriedade se entende que a mesma “não é uma simples ausência de álcool e drogas. Sobriedade é uma maneira de viver. E a sobriedade é fundamental para todas as pessoas e para todas as categorias sociais "Tudo o que é demais sobra", diz o ditado popular. Muitas vezes, em nossas vidas, sobra sono, comilança, cobiça, vazio afetivo, vazio existencial, desespero etc. São Pedro já havia recomendado isto: "Sede sóbrios e vigiai" (1 Pd 5,8). Os excessos são prejudiciais não só à saúde física, mas também à saúde psicológica, social e espiritual.” (Texto Base). E ainda, o Catecismo da Igreja Católica, no nº. 2291 falando diretamente quanto ao uso das drogas nos adverte que as referidas infligem “gravíssimos danos à saúde e à vida humana. Salvo indicações estritamente terapêuticas, constitui falta grave. A produção clandestina e o tráfico de drogas são práticas escandalosas; constituem uma cooperação direta, pois incitam a práticas gravemente contrárias à lei moral".
Frente a esses enunciados é bom exercitarmos a misericórdia e a acolhida, uma vez que como discípulos/as e missionários/as de Jesus nossas atitudes são sempre de imitarmos o nosso Mestre e Senhor. E que tal uma volta ao texto base da Campanha da Fraternidade 2001 para vermos o que ainda nos falta realizar na construirmos de uma paróquia melhor? Não basta participarmos de marchas contra isso, ou contra aquilo, mas termos a consciência de que a Igreja Católica, como Jesus, não exclui ou discrimina alguma pessoa. A missão da Igreja é a mesma que Jesus entendeu: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo. 3, 17).


Padre Gilberto - Presbítero da Igreja Católica Romana, Especialista em Teologia e História, com mestrado em Ciências da Religião e Doutorando em Ciências sociais pela PUC/SP.

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